Após a Rússia invadir a Ucrânia, as bolsas de valores norte-americanas e europeias entraram em tensão, visto que inúmeros investidores começaram a recuar na exposição ao risco e a procurar proteção em ativos mais estáveis, como o ouro. Quando o mercado financeiro se encontra diante de casos extremos, como uma guerra, é comum que ocorram reações imediatas, como o sell-off em massa.

Com a disparada dos preços de gás e petróleo nos mercados internacionais, devido à dependência dos países europeus da energia russa, a valorização se torna incerta, o que leva muitos investidores ao receio de terem seus investimentos afetados, criando uma reação em cadeia.

Para que você tenha uma dimensão mais ampla sobre como acontece esse efeito em massa que faz com que muitas pessoas vendam suas ações quase em um ato de desespero, preparamos este conteúdo para falar melhor sobre o que é sell-off e quais os fatores que o influenciam. Confira agora!

O que significa sell-off?

No contexto do mercado financeiro, o termo sell-off descreve uma ocasião em que ocorre um grande volume de venda de títulos em período de tempo curto, resultando na queda dos preços dos papéis.

Muitas vezes, isso acontece quando os acionistas de uma companhia são influenciados por algum fator no qual acreditam que o lucro pode ser afetado, como o medo do aumento da concorrência, um escândalo envolvendo a empresa, uma ameaça de interrupção tecnológica ou até mesmo questões mais socioeconômicas mais graves, como uma guerra.

Contudo, quando acontece um cenário de sell-off, os compradores em potencial dessas ações tendem a demorar para fazer a aquisição desses papéis, pois é comum que esperem os fatores que originam o evento passem. Por consequência, o efeito sell-off faz com que, em um determinado espaço de tempo, haja um grande volume de ativos sendo negociados por um número menor de investidores.

Como o sell-off funciona?

Na maioria dos casos, um efeito sell-off acontece devido ao efeito psicológico causado no mercado. Muitos investidores se abalam emocionalmente e acabam agindo por sentimentos motivados pelo evento em questão, como medo, ambição, entusiasmo, entre outros.

Mas, engana-se quem pensa que um sell-off pode acontecer somente diante de panoramas drásticos, como a atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Os investidores podem ser demasiadamente otimistas em suas projeções ao receberem um aviso de lucro de uma companhia, porém, se no relatório o que realmente acontecer for uma queda recente, isso pode levar os acionistas a perderem a confiança e começarem a se desfazerem dos títulos.

Em contrapartida, investidores mais experientes e que acreditam que a queda dos ativos pode ter sido causada por algum fator isolado, aproveitam o momento para adquirir mais títulos por preços reduzidos. Ou seja, eles fazem um movimento contrário por saberem que o mercado financeiro é suscetível ao efeito manada, o que pode subfaturar ou subvalorizar ações.

Embora essa estratégia seja bastante arriscada, no longo prazo pode recompensar bastante os investidores, quando os preços dos papéis voltarem a se estabilizar. Geralmente, a tática é usada para a aquisição de títulos públicos e ações de grandes corporações, já que eles oferecem baixíssimo risco de inadimplência e têm força suficiente para se recuperar no curto prazo.

Quais os fatores que influenciam no sell-off?

Agora que você já tem uma perspectiva mais ampla sobre o que é sell-off e como ele costuma acontecer, mostraremos alguns dos principais fatores que influenciam o seu acontecimento nas bolsas de valores.

Efeito Manada

O Efeito Manada é um dos principais responsáveis por movimentos de sell-off nas bolsas de valores mundo afora, especialmente diante de eventos macroeconômicos de grande importância e que geram fortes impactos nos preços de determinados ativos.

Por exemplo, a atual disparada nos preços de produtos energéticos, como gás e petróleo, tem causado um Efeito Manada principalmente nas bolsas europeias e norte-americanas, levando muita gente a se desfazer de papéis de companhias promissoras porque “a maioria” dos investidores estão fazendo isso. Ou seja, o indivíduo não quer ter o sentimento de que está sozinho e, por isso, acaba tomando a mesma atitude das massas.

Eventos políticos e socioeconômicos drásticos

Guerras, atentados, golpes de estado e outros eventos políticos e socioeconômicos de impacto mundial costumam causas movimentos nas bolsas de valores, fazendo um grande número de investidores entrarem em pânico e venderem seus papéis para evitar prejuízos maiores.

No entanto, quem tem familiaridade com a Renda Variável sabe que são justamente diante dessas ocasiões em que o risco parece iminente é que também estão as grandes oportunidades de obter lucros acima da média. É claro que esse tipo de estratégia deve ser feita com muita cautela, estudo e, possivelmente, com o auxílio de uma assessoria de investimentos.

Senso de urgência ou FOMO (Fear of Missing Out)

Uma das estratégias de vendas (aliadas ao marketing) mais tradicionalmente aplicadas pelas empresas é o apelo ao senso de urgência no consumidor, fazendo com que ele tenha um sentimento de que deve tomar uma atitude naquele exato momento.

Qualquer loja virtual ou física que coloca um produto à venda ao lado de um anúncio dizendo “imperdível”, “última oportunidade” ou “por tempo limitado”, está apelando para o Fear of Missing Out, isto é, aquele receio que todo ser humano tem de perder algo, o que consequentemente leva à sua valorização, ainda que não seja algo necessário para quem o compra.

É muito comum nos depararmos com essa situação em eventos anuais como a Black Friday, onde os consumidores se veem “obrigados” a comprar qualquer coisa, não importa se usarão ou não.

Porém, esse mesmo efeito ocorre ao contrário nas bolsas de valores, sendo um dos principais fatores que leva ao sell-off, por exemplo, quando há um boato ou dica de que todo mundo está vendendo as ações de uma companhia por algum motivo, pois essa é uma atitude sensata.

Mesmo sem questionar os motivos, muitos investidores acabam se desfazendo de seus papéis influenciados pelo senso de urgência, como se aquele fosse o momento ideal para a venda das ações.

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